quinta-feira, 18 de junho de 2009

Quase o fim


Depois de algum tempo aqui venho eu dar provas de vida.
Contínuo a ter a experiência maravilhosa que comecei, com a diferença que só me restam duas semanas com todas estas pessoas que conheci.
Depois de gibraltar conheci 3 alemães que estavam aqui de férias. Passámos cinco intensos dias juntos. Viajámos, passeámos, divertimo-nos muito. Numa das viagens fui conhecer Sevilha, que cidade interessante: bastante moderna e sempre com muita natureza por toda a cidade.
É incrivel como só em cinco dias se pode fazer uma amizade com esta dimensão. Um mês depois ainda planeamos voltar-nos a ver, por isso pode ser que seja o meu próximo futuro.
Logo depois destes dias, começou a preocupação com os exames. Optei por deixar dois para Setembro. Não só porque precisava de mais tempo para estudar para eles mas, também, porque acho que este é um momento único na minha vida e não desejo passar o último mês deste momento preocupada ou sem tempo para fazer o que gostava de fazer.
Sim, a minha forma de pensar alterou-se bastante. Modifiquei-me, posso senti-lo. Tenho novos projectos, novos sonhos e tudo me parece melhor do que antes. Penso que passei a uma fase diferente da minha vida, uma fase em que eu crio o meu bem e ele depende só de mim. Parece algo fácil de se saber, mas não é fácil de o meter em práctica e sinto que estou a começar a fazê-lo.
Reencontrei a minha essência que acho que a tinha abandonado pouco depois de entrar na universidade. Deixei-me levar pela rotina das preocupações e do trabalho, não soube como filtrar energias para equilibrar tudo...

Também visitei Madrid e esta cidade vou descrevê-la com a frase de um fotógrafo espanhol: "A beleza de Madrid não está em caminhar pelas ruas normalmente, senão em caminhar pelas ruas a olhar para cima".
É incrivel a arte que existe em toda a cidade, em cada edifício. Também tem muita natureza, e as praças são muito animadas. Pessoas a fazerem caricaturas, a venderem os suas pinturas, uma mini-orquesta a tocar, feiras de antiguidades, Charlie Chaplin, Pluto, de tudo um pouco, uma amostra de mundo, de arte.

Há uns dias atrás conheci, num bar, três sul-africanos que estão a fazer a entrega de um barco e desde esse dia a minha casa é esse barco. Eu e dois amigos meus: Aude e Sebastian (que nasceu na cidade onde eles vivem Cap Town) temos lá passado os dias e as noites. Tem sido um bom momento, muito bom. Conviver com pessoas cuja vida é viajar o mundo todo, que vivem 40 dias sem pisar terra e que convivem com a beleza de tomar um pequeno-almoço a olhar para um golfinho ou que, também, sentem com uma forte intensidade a possibilidade de morrer a qualquer momento que o mar "ordene".
São pessoas de espírito e mente muito aberta que nos transmitem boas energias.
Sinto que tenho realmente sorte, por todas estas experiências encontro e percebo melhor a palavra e o sentido de "vida".

É possível que um dia próximo tente também fazer uma destas entregas de barcos. É um trabalho duro, mas certamente uma experiência óptima, única que nos ensina, sobretudo, a viver com o "eu".

Assim tenho passado o meu último mês, com fortes emoções, descobertas, conhecimentos, a viver.

Gostava de vos poder mostrar todas as fotografias, de vos poder falar pessoalmente de todos os meus pensamentos e mudanças, gostava de partilhar de modo mais próximo tudo isto convosco, com as pessoas que me são especiais e de quem sinto SAUDADES.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Gibraltar

Bem, como disse fui a Gibraltar. Como a irmã do Willem chegava de Marrocos a Tarifa às 21.30h, pois ela trabalha lá, aproveitámos e fomos no início da tarde para ainda irmos ver Gibraltar. Então, fui eu, o Willem e o Jelle, também belga, nosso amigo. E, avô, quando digo que não vou dormir a casa e na casa de um ou de outro, que são praticamente no mesmo prédio, só muda o sofá!
Saímos de Cádiz às 14h. Quando chegámos a Gibraltar fomos almoçar e passear pelas ruas, cheias de comércio e de turistas atrás dos preços loucos sem taxas. Eu queria comprar um perfume, mas acabei por não comprar nada. Eles compraram tabaco e duas garrafas de rum. Que quando normalmente eram 15 euros, foram cada uma 4 euros.
Os perfumes também estavam incrivelmente baratos. Ou melhor, ao seu valor real, sem taxas.

É uma verdadeira cidade inglesa. Se quisermos também falam em espanhol e também nos dão a possibilidade de pagarmos em euros, mas tudo faz lembrar a cultura inglesa apesar de haver muitos turistas.

Depois de passearmos nestas ruas, subimos até à montanha... Foi incrível! Aí, tinhamos uma paisagem lindíssima, havia caminhos históricos, marcados com o acontecimento da Segunda Guerra Mundial, e havia macacos há solta. Eu dei a mão a um macaquinho e ele subiu para a minha cabeça, foi muito giro. Passei um bom dia...




Depois de Gibraltar fomos a Tarifa, onde jantámos num restaurante muito agradável ao ar livre.

domingo, 3 de maio de 2009

Cádiz outra vez

Bem, agora as novidades banais do dia-a-dia.
Finalmente, o trabalho começa a apertar na universidade. Ao que parece só se trabalha aqui no final de cada semestre, que é quando todos os trabalhos começam a aparecer e os exames a chegar. Não temos Bolonha, e ao que parece, não se quer a verdadeira implantação desta política, o que tem sido motivo de grandes e algumas violentas manifestação por aqui por Espanha.

Incrivelmente, ainda não estou matriculada em algumas disciplinas, o meu coordenador está sempre a viajar, mas na secretaria disseram para não me preocupar, que em breve receberei um e-mail.
Agora comecei a fazer desporto. Natação, ténis (com um amigo que me está a ensinar) e correr todos ou quase todos os dias.
O bom tempo começou, faz calor por aqui. No entanto, na semana passada fazia mais, fui três vezes à praia e já tenho uma côr bonitinha!

Tenho ido visitar a Beatriz frequentemente, almoçamos ou jantamos juntas, vamos passear, ela apresenta-me espanhóis, andei de moto com ela por Cádiz, foi super divertido.
Fui jantar com os amigos dela, foi agradável ter um jantar sem a loucura ERASMUS, só com a loucura espanhola. Há muitos gays aqui. Eu já conheço três e são todos o máximo. Um deles é louco, não é só gay como tem todas as manias e mais alguma, mas gosto muito dele, é muito divertido e amigo. Só fico um bocado corada com ele me fala um pouco mais abertamente, mas é porque não estou habituada. Aqui, quase toda a gente leva isso naturalmente.
Eles andam a tentar arranjar-me um espanhol para que eu não volte para Portugal, mas estejam descansados até agora não me interessei por nenhum, fazem demasiados elogios, torna-se constrangedor! À custa disto andei num descapotável lindíssimo. Quero um! ehehe!
E um dos amigos da Bea (aquele senhor que conheceste, avô), tem uma empresa de comunicação a crescer em Espanha e já me disse para acabar o meu curso que ele depois queria falar comigo.
Aqui em casa, houve uma segunda festa erasmus cujo tema eram os anos 80, foi o máximo! Não imaginei que cabia tanta gente aqui.

Quinta-feira fui a Gibraltar e Tarifa, vou escrever um outro texto para falar disto.
Na sexta, fui ao primeiro festival de liberdade de expressão que foi aqui em Cádiz. Muuito interessante! Vários concertos: Jarabe de Palo, Má Rodríguez, Orishas e Ruibal. Foi uma tarde e noite muito boa.
Agora aqui estou, tive um sábado tranquilo e parece-me que este domingo vai ser igual. Trabalhar.

Uma semana em Portugal


Que estranho e que bom foi regressar!

No primeiro dia, tudo e todos permaneciam longe de mim, foi como se tivesse em Espanha a espreitar numa janela que dava para Portugal...

A pouco e pouco tudo se foi tornando mais próximo e, finalmente, senti-me em casa.

Foi tão difícil perceber que tudo continuava igual, mas ao mesmo tempo tão bom! A parte difícil só se devia ao facto de eu me aperceber que, realmente, nestes meses em Cádiz, me tinha modificado um bocado já significativo. Apercebi-me de que comecei a dar valor ou, melhor, mais valor a algumas coisas, que comecei a ver outras que não via, que comecei a ignorar outras que via e que só atrasavam a minha vida ou abatiam o meu humor... Sinto que tenho ainda tanto que caminhar que não o estava a viver.

Conseguem imaginar voltar à nossa vida, à nossa verdadeira vida só por uma semana. Fiquei sem saber como reagir, mas três dias depois da chegada, deixei-me levar pelos ventos. E tudo foi muito bom!

Que saudades tinha da minha família, dos meus amigos (a família que escolhi até agora)! E agora, um mês depois, ainda tenho. Vai ser sempre a razão de me fazer querer voltar: a minha família.

O acordar em Cadima, saír e ver a natureza; as noitadas alegres com o Txoco (ele é que se divertiu aqui em Cádiz!); as aulas de condução do tio Luís (eheh, divertidissimas: "Oh Ana, com calma, não tens de ter pressa. Isso a 40 vais bem!"); e a Jantarada que ele fez para a Ritinha (ela gostou muito!); e a avózita a fazer as suas comidas especiais e sempre preocupada (gostei de estar contigo avó, de conversar, tinha saudades); e o avôzinho, sempre AQUELE companheiro para tudo, o meu pai avô; e a mãe, conheci a sua casa, foi importante para mim! Foi como se tivesse presenciado uma grande evolução da sua vida, senti-me próxima.

E a Ritinha, o Ruca...gostei tanto de vos ver!

Um grande beijo apertado de saudades para todos!

quinta-feira, 26 de março de 2009

Modificações no quarto

Casa e regresso à "Calle" - Iglesia San Francisco

Bem, sem novidade alguma, até quarta-feira fiquei muito tranquila em casa, onde já estava a desesperar.
Terça-feira, o ínicio do meu desespero por não fazer nada deu-me vontade de mudar toda a disposição do meu quarto, que vou mostrar num pequeno video que fiz.
Quarta-feira, saí pela primeira vez de casa, depois de uma semana, ainda com receio, mas tinha de ir às compras porque já não tinha comida nenhuma para o jantar. Fui com o Jo.
E achei algo curioso, aqui não vendem soja sem ser os rebentos de soja, nem existe bechamel de marca branca. Eu tenho saudades da minha lasanha, queria faze-la, mas não posso. Onde me disseram que podia haver é no Hipercor, que é o supermercado do El Corte Inglés. Vou tentar verificar num destes dia.
Quinta-feira, tinha combinado ir a casa da Beatriz almoçar, a senhora que me ajudou enquanto estive doente. Foi agradável. Ela cozinha bem, comemos gaspacho, que ela também me ensinou a fazer, figado de "ternera" (que ainda não descobri que carne é) com salada. Estava tudo muito bom. Depois ficámos o resto da tarde a conversar, a ver televisão... Conheci a sua nora e neto.
Ontem, sexta-feira, fez um dia de Sol muito bonito. Fui ao mercado de manhã, onde comprei muita fruta, legumes e peixe para assar - que foi o meu jantar.
Depois toda a tarde estive a passear pelas ruas, fui ver lojas à procura de um vestido, fui passear pelas ruas da parte nova da cidade, onde vi algo gigante no porto de Cádiz (foto), fui a uma livraria, onde vi um livro que quero comprar, só tenho receio porque está em espanhol, fui a uma escola de condução informar-me dos cursos e fui visitar a Igreja de San Francisco, muito bonita.

sábado, 21 de março de 2009

Saudades

Estive-me a lembrar de como tenho saudades do jardim de Cadima no Verão, quando lá nos sentamos e sentimos uma paz. O Sol a bater entre as árvores, muitos passarinhos, o avô com o seu Jin Tónico a contar o que ainda lhe falta fazer no jardim e o que tem feito.
Saudades da casa do tio Luís, onde jantamos juntos aos fins-de-semana, que está sempre quentinha no inverno, com a avó sempre a criticar o que vai aparecendo nas notícias, o Dioguinho a gozar, a tia Sabine e o tio Luís a acharem piada, os meninos quietos ou já no quarto a jogar a sua playstation ou a Filipinha com as suas bonecas e o avô a analisar e a fazer os seus comentários calmamente.
Lembro-me, também, daquele dia em que ficámos todos a ver o Mamamia.
Tenho saudades do Caril de Frango da avó e das comidas bem improvisadas do tio Luís, do seu paté e daquele molho de maionese e mais alguma coisa para molhar os camarões.
Ah, sabem o que aprendi? Em Portugal, caril é aquela especiaria amarela. Na índia, caril quer dizer molho, pode ser qualquer um. Não tem de ser só o amarelo.
E no fim da refeição o tio Luís aparecer sempre com o Wisky para o avô.
E também tenho saudades da casa da Massita (a massita é a mãe do João). De estar lá no inverno à noite a conversar muito quentinha à lareira e de estar lá no Verão naquele banco de pedra que há na parte de fora a conversar. E saudades de todas as suas boas comidas, que diz sempre que "desta vez não ficou muito bom". E da Angelinha sempre com as suas curiosidades/novidades e o Passito sempre a tentar acalmar o "speed" da Angelinha.
Enfim, tenho saudades daquela rotina pela qual é dificil alguém se dar conta que é tão especial até deixar de a ter.